De volta às origens…

By Rodolpho Leonardo  16 jul, 2009   Postado em Ingredientes, Opinião

GenéticaÉ interessante como as coisas evoluem. Em 2000, quase não se ouvia falar de gastronomia abertamente, era como se até então esta palavra fosse proibida ou somente era conhecida na capital, nos grandes centros comerciais e financeiros do país. Hoje é tudo diferente, inclusive em cidades do interior, esta palavra é pronunciada e discutida abertamente, claro que em muitos lugares eles nem sabem direito do que estão falando, mas falam e isso já é um começo. Bom, com essa mudança, o crescimento do conhecimento trouxe para nós várias possibilidades e problemas também. A modernização da vida cotidiana da população, a falta da relação familiar, dos almoços e cafés da manhã juntos, a pluralização dos restaurantes e bares, a massificação da produção de alimentos entre outros mais. Porém vamos falar da massificação dos produtos alimentícios.

Sou a favor da racionalização e aumento da qualidade do produto alimentar, mas claro também temos que pensar na saúde. Fiz uma matéria ha um tempo atrás, defendendo a utilização da gordura (óleos e gorduras dos mais diversos tipos) para a utilização em conjunto com os alimentos para conferência acima de tudo de sabor. E hoje volto a falar dela, mas em outro aspecto. Para conhecimento, grande parte dos produtos industrializados hoje leva gordura (para conferência de textura, sabor, coloração, qualidade e por incrível que pareça, um prazo maior de validade, conservação, etc) e esta gordura comumente usada é a famosa gordura Trans. As Gorduras Trans são um tipo especial de ácido graxo formado a partir de ácidos graxos insaturados e pelo processo de hidrogenação natural ou artificial. Elas não são sintetizadas pelo nosso organismo, tornando-a de certo modo nociva ao nosso corpo. Entretanto ainda não há estudos indicando se elas podem fazer bem de certa forma ao nosso corpo. Bom que ela é ruim para a saúde, todos sabem, mas é ai que a coisa pega: Quem gostaria de comer uma bolacha Oreo com o recheio duro, ou,líquido de mais, toda grudenta?

Pensando nisso, os pesquisadores e cientistas deram uma outra opção para a não utilização da gordura trans, tão essencial aos produtos industrializados, a gordura interesterificada (é um tipo de gordura onde as moléculas de ácido graxo do triglicerídeo é movido para uma outra molécula). Bom esta gordura interestereficada (poderia ter um nominho mais fácil, não) é tão “boa” quanto a gordura trans (em alguns lugares como New York e outras cidades dos EUA, a Gordura trans foi proibida e seu consumo vem sendo restringido pelo FDA) para realização dos mais diversos fins, especialmente para fritura e vem sendo usada em detrimento a gordura trans. Todavia, a gordura interesterificada causa aumento na taxa de glucose no sangue e diminui a taxa de produção de insulina, um dos causadores da Diabetes. E ainda apresenta as mesmas falhas da gordura trans, que ajuda a diminuir a quantidade de HDL (o colesterol bom) no sangue.(www.sciencedaily.com).

Se ficar o bicho pega. Se correr o bicho come. Então o que fazer? Bom, não é a toa que mais do que nunca estamos propenso a realizar uma volta às origens, resgatando conceitos e valores quase que esquecidos. Dar valor àquele restaurante que produz comida de qualidade, com produtos naturais e não mais aquela onda de fast food e buffets industrializados apresentados até então. A volta da comida no lar, onde as pessoas estarão cada vez mais retomando o vínculo familiar de refeições em conjunto e ou te mesmos nos restaurantes próximos da residência, para aqueles que não detêm de tempo para o preparo da refeição em casa. A utilização e o resgate da gastronomia regional e local (de terroir, como gostam alguns), visto, a procura na utilização de produtos mais frescos e naturais o possível, sem a ajuda dos inúmeros conservantes e claro, dos snacks repletos de gordura trans ou gorduras interesterificada. A concientização da população sobre a gastronomia como um todo e o valor que tem seus profissionais.

Ainda levará alguns anos, quisá décadas, para que este novo pensamento venha a vigorar como um todo, mas é nosso papel atentar para estas mudanças e apoiá-las, pra que nosso futuro não seja restrito a pílulas químicas com as quantidades diárias necessárias de proteínas, vitaminas e etc, ou como aquela papinha que o robocop comia para se alimentar. Vamos valorizar o que é nosso, vamos realmente firmar um pacto para restabelecer uma alimentação saudável e de qualidade, procurando se possível achar estes ingredientes em hortas e produtores de nossa região. Vamos de volta às origens.

Crédito da foto: Daniel Paz

 

Com dificuldades nas palavras usadas neste post? Visite nossa página Glossário ou envie-nos uma pergunta a respeito.

2 respostas para “De volta às origens…”

  1. E isso mesmo Raphael. Não podemos simplesmente deixar de usufruir de algo que contribui com o bem estar da saúde e do paladar simplesmente porque seu consumo em excesso é prejudicial. Tem um velho ditado que diz: “Tudo que é excesso não faz bem”. Então é essa a verdade. Coma, mas moderadamente. Valeu mesmo pela visita. Abraços.

  2. Raphael Hoelz disse:

    Concordo em genero,numero, grau e “gorduralmente” falando. Porque, nao podemos esquecer do bacon, da gordura de pato, da gorduda do leite, os famosos lipidios, que todas elas possuem valor calorico altissimos,mas que consumidos moderadamente, nao trazem nemhum dano a nossa saude. Entao, saudamos as gorduras animais,que sem duvidas, sao as mais gostosas. Humm, confit,torresmo, manteiga, creme de leite. Bacon, que delicia hein Rodolphao.
    Abraço, adorei a materia